terça-feira, 6 de dezembro de 2011

Textos para o 3º ano ( Freud)

Freud e o surgimento da psicanálise

A psicanálise, também conhecida como ciência do inconsciente, foi fundada por Sigmund Freud. Seu método de investigação consiste essencialmente em analisar o funcionamento da atividade psíquica a partir da interpretação de palavras, atos, ou produções imaginárias (sonhos, fantasias, delírios) apresentados à consciência, mas que, no entanto, teriam suas raízes mais profundas fincadas no inconsciente de um sujeito. Tal procedimento se dá por meio do método das associações livres que inaugura propriamente a sessão psicanalítica como compreendemos até os dias de hoje.

A influência da psicanálise na cultura e o “mal-estar na civilização”

Ao desenvolver uma de suas idéias fundamentais, a de “Sublimação”, onde esta permitiria ao individuo superar suas necessidades instintivas através da criação de produtos culturais como a arte, a religião, etc, Freud desenvolveu em sua teoria uma análise dos problemas sociais da civilização na contemporaneidade.

Em sua obra “O mal-estar na civilização (1930), Freud desenvolve uma visão da cultura, do processo civilizatório, como marcados pela renuncia e pela culpabilidade resultante dos desejos pulsionais reprimidos sobre o impacto da sociedade. Ou seja, Freud quer dizer que o mal estar que se manifesta na cultura das sociedades civilizadas modernas e que se traduz por uma busca infeliz e infantil da felicidade, corresponde ao sentimento de insatisfação que os homens experimentam face à civilização e aos seus “progressos”.

“É impossível fugir a impressão de que as pessoas comumente empregam falsos padrões de avaliação – isto é, de que buscam poder, sucesso e riqueza para elas mesmas e os admiram nos outros, subestimando tudo aquilo que verdadeiramente tem valor na vida”.

“(...) A que se refere aquilo que os próprios homens, por seu comportamento, mostram ser o propósito e a intenção de suas vidas? O que pedem eles da vida e o que desejam nela realizar? A resposta mal pode provocar duvidas. Esforçam-se para obter a felicidade; querem ser felizes e assim permanecer. Essa empresa apresenta dois aspectos: uma meta positiva e uma negativa. Por um lado, visa a uma ausência de sofrimento e de desprazer; por outro, à experiência de intensos sentimentos de prazer. Em seu sentido mais restrito, a palavra ‘felicidade’ só se relaciona a esses últimos.”

“uma técnica para afastar o sofrimento reside no emprego dos deslocamentos de libido que nosso aparelho mental possibilita e através dos quais sua função ganha tanta flexibilidade. A tarefa aqui consiste em reorientar os objetivos instintivos de maneira que eludam a frustração do mundo externo. Para isso, ela conta com a assistência da sublimação dos instintos. Obtém-se o máximo quando se consegue intensificar suficientemente a produção e prazer a partir das fontes do trabalho psíquico e intelectual. (...) Uma satisfação desse tipo, como por exemplo, a alegria do artista em criar, em dar corpo às suas fantasias, ou a do cientista em solucionar problemas ou descobrir verdades, possui uma qualidade especial”.

“A palavra ‘civilização’ descreve a soma integral das realizações e regulamentos que distinguem nossas vidas das de nossos antepassados animais, e que servem a dois intuitos, a saber: o de proteger os homens contra a natureza e o de ajustar os seus relacionamentos mútuos.”

“A sublimação do instinto constitui um aspecto particularmente evidente do desenvolvimento cultural; é ela que torna possível às atividades psíquicas superiores, científicas, artísticas ou ideológicas, o desempenho de um papel tão importante na vida civilizada.”

“A inclinação para a agressão constitui, no homem, uma disposição instintiva original e auto-subsistente, e retorno à minha opinião de que ela é o maior impedimento à civilização”.

“Esse instinto agressivo é o derivado e o principal representante do instinto de morte (Thanatos), que descobrimos lado a lado de Eros e que com este divido o domínio do mundo. Agora, penso eu, o significado da evolução da civilização não mais nos é obscuro. Ele deve representar a luta entre Eros e Thanatos, entre o instinto de vida e o instinto de destruição, tal como ela se elabora na espécie humana.”

“A tensão entre o severo superego e o ego, que a ele se acha sujeito, é por nós chamada de sentimento de culpa; expressa-se como uma necessidade de punição. A civilização, portanto, consegue dominar o perigoso desejo de agressão do individuo, enfraquecendo-o, desarmando-o e estabelecendo no seu interior um agente para cuidar dele, como uma guarnição numa cidade conquistada”.

“O preço que pagamos por nosso avanço em termos de civilização é uma perda de felicidade pela intensificação do sentimento de culpa.”


Escrito pelo aluno: Willian Azevedo de Lima Costa.

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