terça-feira, 6 de dezembro de 2011

Textos para o 2º ano (Kant- Imperativo Categórico)






KANT E O IMPERATIVO CATEGÓRICO

Kant, Immanuel (1724-1804) Um dos filósofos que mais profundamente influenciou a formação da filosofia contemporânea, Kant nasceu em Konigsberg, na Prússia Oriental (Alemanha).

Metódico e regular feito um relógio suíço, jamais se ausentou de sua cidade natal.

O pensamento de Kant é tradicionalmente dividido em duas fases: a pré-crítica (1755-1780) e a crítica (1781 em diante), que se inicia com a publicação da “Crítica da Razão Pura”, sua obra capital. Na fase pré-crítica o pensamento kantiano está totalmente inserido na tradição do sistema metafísico de

*Leibniz e * Wolff, então dominante nos meios acadêmicos alemães. Sua principal obra nesse período é a Dissertação de 1770, com a qual se tornou catedrático da universidade, e que, embora elaborada dentro do quadro conceitual da metafísica tradicional, prenuncia alguns dos temas centrais da fase crítica, como a questão dos limites da razão e da solução dos problemas metafísicos.

A fase crítica se inicia, nas palavras do próprio Kant, por influência de suas leituras dos empiristas ingleses, sobretudo de *Hume. E famosa sua afirmação nos Prolegômenos de que "Hume despertou-me de meu sono dogmático". A filosofia crítica se resume, portanto, a quatro grandes questões: I) o que podemos saber? 2) o que devemos fazer? 3) o que temos o direito de esperar? e 4)o que é o homem? A primeira questão é tratada essencialmente na Crítica da razão pura, em que Kant investiga os limites do emprego da razão no conhecimento, procurando estabelecer as condições de possibilidade do conhecimento e assim distinguir os usos legítimos da razão na produção de conhecimento, dos usos especulativos da razão que, embora inevitáveis. não produzem conhecimento e devem ser distinguidos da ciência. São duas as fontes do conhecimento humano: a sensibilidade e o entendimento. Através da primeira, os objetos nos são dados; através do segundo, são pensados. Só pela conjugação desses dois elementos é possível a experiência do real. Por outro lado, nossa experiência da realidade é condicionada por essa estrutura em que se combinam sensibilidade e entendimento, de tal forma que só conhecemos realmente o mundo dos fenômenos, da experiência, dos objetos enquanto se relacionam a nós, sujeitos, e não a realidade em si, tal qual ela é, independentemente de qualquer relação de conhecimento. O método *transcendental, que Kant então formula, caracteriza-se precisamente como análise das condições de possibilidade do conhecimento, ou seja, como reflexão crítica sobre os fundamentos da ciência e da experiência em geral. A Crítica da razão prática (1788) analisa os fundamentos da lei moral, formulando o famoso princípio do imperativo categórico: "age de tal forma que a norma de tua ação possa ser tomada como lei universal". Trata-se de um princípio formal e universal, estabelecendo que só devemos basear nossa conduta em valores que todos possam adotar, embora não prescrevendo especificamente quais são esses valores.

É no domínio da razão prática, na visão de Kant, que somos livres, isto é, que se põe a questão da liberdade e da moralidade, enquanto no domínio da razão teórica, do conhecimento, somos limitados por nossa própria estrutura cognitiva. Segundo essa concepção, a ética é, no entanto, estritamente racional, bem como universal, no sentido de que não está restrita a preceitos de caráter pessoal ou subjetivos, nem a hábitos e práticas culturais ou sociais. Os princípios éticos são derivados da racionalidade humana. A moralidade trata assim do uso prático e livre razão. Os princípios da razão prática são leis universais que definem nossos deveres. Portanto, os princípios morais resultam da razão prática e se aplicam a todos os indivíduos em qualquer circunstância. Pode-se considerar assim a ética kantiana como uma ética do dever, ou seja, uma ética prescritiva.

No mundo dos fenômenos, da realidade natural, tudo depende de uma determinação causal. Ora, se o homem é parte da natureza e as ações humanas ocorrem no mundo natural, então suas ações seguem uma determinação causal e o homem não é livre nem responsável por seus atos. Porém, o homem é essencialmente um ser racional e por isso se distingue da ordem natural, não estando, no campo do agir moral, submetido às leis causais, mais sim aos princípios morais derivados de sua razão, ao dever, portanto. É esse o sentido da liberdade humana no plano moral. A moral é assim independente do mundo da natureza. No campo do conhecimento, Kant parte da existência da ciência para investigar suas condições de possibilidade; no campo da ética, parte da existência da consciência moral para estabelecer seus princípios.

O objetivo fundamental de Kant é, portanto, estabelecer os princípios a priori, ou seja, universais e imutáveis, da moral. Seu foco é o agente moral, suas intenções e motivos. O dever consiste na obediência a uma lei que se impõe universalmente a todos os seres racionais. É o que Kant chama de imperativo categórico.

PARA ENTENDER O IMPERATIVO CATEGÓRICO

Kant conclui que apenas o ser humano é moral, por ser capaz de atos de vontade. Para ele existe em toda pessoa uma única coisa boa em si mesma, a boa vontade, que está presente em todos os seres humanos, reconhecida pelo próprio senso comum. A boa vontade é a disposição de todo ser racional de desejar agir, conforme o dever, embora nem sempre ou nunca o consiga totalmente; esta é a capacidade de todo sujeito, distintamente de seu temperamento, de determinar sua ação não por inclinação, mas pela razão, ou seja, a vontade é verdadeiramente moral se regida por atitudes que prescindam da vantagem pessoal, que não seja um bem apenas para si mesmo e ou em busca de uma vantagem pessoal, que Kant chama de imperativo hipotético. Exemplo: Se queres tirar boas notas nas provas deves portanto estudar. Se não queres encrenca não “fures o olho” do teu amigo. Nestes casos as atitudes são tomadas por conveniência e não por convicção. Para Kant o homem deve agir pelo dever. Agir moralmente é, portanto transformar o imperativo hipotético em imperativo categórico. Um exemplo proposto por Kant, que segundo Ferrater Mora provém da Fundamentação da metafísica dos costumes: um homem desesperado pelas desgraças ocorridas em sua vida e ainda dono de sua razão se pergunta se não seria contrário a seu dever para consigo mesmo suicidar-se. Ele investiga então se a máxima de sua ação poderia se converter em lei universal da Natureza. E raciocina do seguinte modo: “provisoriamente adoto como máxima o princípio de que posso encurtar minha existência quando a prolongação desta tenha de me proporcionar maiores males que bens. Este princípio pode se converter em lei universal da Natureza? Não, porque um sistema da Natureza no qual fosse uma lei destruir a vida por meio do mesmo sentimento que impulsiona a melhora da vida seria contraditório consigo mesmo e não poderia existir como sistema da Natureza”.

"age de tal forma que a norma de tua ação possa ser tomada como lei universal"

Bibliografia:

- Mora, J. Ferrater – Edições Loyola.

- Dicionário Básico de Filosofia – Japiassú, Hilton e Marcondes, Danilo.

- Iniciação à História da Filosofia (dos pré-socráticos a Wittgenstein – M. Danilo – Zahar


Escrito pelo aluno: Isaac Domingos da Silva

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