quarta-feira, 7 de dezembro de 2011

Textos para estudo ( Linguagem)

LINGUAGEM E PENSAMENTO

- A importância da linguagem:

Na abertura de sua obra Política, Aristóteles afirma que somente o homem é um “animal político”, isto é, social e cívico, porque somente ele é dotado de linguagem. Os outros animais, escreve Aristóteles, possuem voz (phoné) e com ela exprimem dor e prazer, mas o homem possui a palavra (lógos) e, com ela, exprime o bom e o mau, o justo e o injusto. Exprimir e possuir em comum esses valores é o que torna possível a vida social e política e dela, somente os homens são capazes.

“A palavra distingue os homens e os animais; a linguagem distingue as nações entre si. Não se sabe de onde é um homem antes que ele tenha falado”.

“Desde que um homem foi reconhecido por outro como um ser sensível, pensante e semelhante a si próprio, o desejo e a necessidade de comunicar-lhe seus sentimentos e pensamentos fizeram-no buscar meios para isso”.

A linguagem é, assim, a forma propriamente humana da comunicação, da relação com o mundo e com os outros, da vida social e política, do pensamento e das artes. No entanto, no diálogo Fedro, Platão dizia que a linguagem é um phármakon, palavra que possui três sentidos principais: “remédio”, “veneno” e “cosmético”. Ou seja, Platão considera que a linguagem pode ser um medicamento ou um remédio para o conhecimento, pois pelo diálogo e pela comunicação, conseguimos descobrir nossa ignorância e aprender com os outros. Pode, porém, ser um veneno quando, pela sedução das palavras, nos faz aceitar, fascinados com o que vimos, ou lemos, sem que indaguemos se tais palavras são verdadeiras ou falsas. Enfim, a linguagem pode ser um cosmético, maquiagem ou máscara para dissimular ou ocultar a verdade sobre as palavras. A linguagem pode ser conhecimento-comunicação, mas também pode ser encantamento-sedução.

- A força da linguagem:

Podemos avaliar a força da linguagem tomando como exemplo os mitos e as religiões. A palavra grega mythos, significa “narrativa” e, portanto, “linguagem”.

A linguagem tem um poder encantatório. Eis porque, em quase todas as religiões, existem profetas e oráculos, isto é, pessoas escolhidas para transmitir mensagens divinas aos humanos.

- A outra dimensão da linguagem:

Para referir-se à palavra e á linguagem, os gregos possuíam duas palavras: mythos e lógos. Diferentemente do mythos, lógos é uma síntese de três idéias: fala/palavra, pensamento/idéia e realidade/ser.

Lógos é a palavra racional em que se exprime o pensamento que conhece o real.

Lógos é a palavra-pensamento compartilhada: diálogo; é a palavra-pensamento verdadeira: lógica; é a palavra-conhecimento de alguma coisa. O “logia” que colocamos no final de palavras como cosmologia, mitologia, biologia, etc.

Se ao lado do mythos desenvolve-se a palavra mágica e encantatória, do lado do lógos desenvolve-se a linguagem como poder de conhecimento racional. Agora, as palavras são conceitos ou idéias, estando referidas ao pensamento, à razão e à verdade.

- A origem da linguagem:

A linguagem como capacidade de expressão dos seres humanos é natural, isto é, os humanos nascem com uma aparelhagem física, anatômica e fisiológica que lhes permite expressarem-se pela palavra, mas as línguas são convencionais, isto é, surgem de condições históricas, geográficas, econômicas e políticas determinadas, ou, em outros termos, são fatos culturais.

Perguntar pela origem da linguagem levou a quatro tipos de respostas:

1) A linguagem nasce por imitação: a origem da linguagem seria, portanto, a onomatopéia ou imitação dos sons animais e naturais.

2) A linguagem nasce por imitação dos gestos: nasce como uma espécie de pantomima ou encenação, na qual o gesto indica um sentido.

3) A linguagem nasce da necessidade: a fome, a sede, a necessidade de reunir-se em grupo para defender-se das intempéries, formando um vocabulário elementar e rudimentar, que gradativamente, tornou-se mais complexo e tornou-se uma língua.

4) A linguagem nasce das emoções: particularmente do grito (medo, surpresa ou alegria), do choro (dor, medo, compaixão) e do riso (prazer, bem-estar, felicidade).

Os estudos de psicologia genética mostram que uma criança se vale de todos esses meios para começar a exprimir-se. Podemos dizer que uma linguagem se constitui para a criança (e para todos os seres humanos) quando ela passa (ou todos passamos) dos meios de expressão aos meios de significação. Um gesto ou um grito exprimem, por exemplo, medo; exprimem um sentimento; palavras, frases e enunciados significam o que é o medo, dizem qual é o sentido do sentimento de medo.

- O que é a linguagem:

A linguagem é um sistema de signos ou sinais usados para indicar coisas, para a comunicação entre pessoas e apara a expressão de idéias, valores e sentimentos.

1) A linguagem é um sistema: uma totalidade estruturada, com princípios e leis próprios, sistema esse que pode ser conhecido;

2) A linguagem é um sistema de sinais ou de signos: os elementos que formam a totalidade lingüística são um tipo especial de objetos, os signos, ou objetos que indicam outros, designam outros ou representam outros. Por exemplo, a fumaça é um signo ou sinal de fogo, etc.;

3) A linguagem indica coisas: os signos lingüísticos (as palavras) possuem uma função indicativa ou denotativa, pois como qe apontam para as coisas que significam;

4) A linguagem estabelece a comunicação entre os seres humanos: tem uma função comunicativa, por meio das palavras entramos em relação com os outros, dialogamos, argumentamos, persuadimos, relatamos, discutimos, amamos e odiamos, ensinamos e aprendemos etc.,

5) A linguagem exprime pensamentos, sentimentos e valores: possui uma função de conhecimento e de expressão, ou função conotativa, uma mesma palavra pode exprimir sentidos ou significados diferentes, dependendo do sujeito que a emprega, do sujeito que a ouve ou lê, das condições ou circunstancias em que foi empregada ou do contexto em que é usada.

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