terça-feira, 6 de dezembro de 2011

Textos para o 3º ano ( Freud)

I – Biografia:

Sigmund Freud (Viena,1856 – Londres, 1939),médico, austríaco e judeu. Foi o fundador do termo psicanálise, era formado em medicina com especialização em neurologia. Influenciado pelo seu professor Dr. Charcot, iniciou seus estudos em pacientes com histeria, acreditando que as doenças mentais eram originadas na infância e que para que seus pacientes confiassem nele para confidencia-lo os episódios vivos, era necessário o uso da hipnose. Essa hipnose além de fornecer os dados que auxiliavam o médico no diagnóstico da doença, aliviava o paciente que se libertava de suas angústias. Esse processo de libertação era chamado de catarse, contudo essa cura era temporária e os pacientes voltavam a ter perturbações. Ele abandonou o uso de hipnose, em favor da interpretação de sonhos e da livre associação, como fontes dos desejos do inconsciente, conceitos que iremos abordar mais adiante.

Algumas obras desse autor: A interpretação dos sonhos, Sobre a psicanálise, O Ego e o Id, Mal estar na Civilização etc.

II. Método próprio:

Após se formar na França em sua especialização em neurologia, Freud começou a trabalhar com seu Breuer. Perceberam então, que nem sempre era necessário o uso da hipnose que depois de um certo tempo os pacientes já confiavam e contavam o que viveram na infancia em estado normal. Perceberam também que ocorria o fenômeno da transferência afetiva. Apos um tempo as ideias dos amigos começaram a divergir e Freud foi trabalhar sozinho. Quando Freud cria seu método de psico- análise. Esse método tem como finalidade o diagnostico e o tratamento das doenças mentais, hoje em dia que usamos para tratar da doutrina criada por Freud que explica o funcionamento da nossa mente.

Esse método é composto por três técnicas que são: associação livre, análise dos sonhos e análise dos atos falhos.

III. Doutrina Freudiana:

A – A libido

“ O comportamento humano é orientado pelo impulso sexual”.

B – Os três Elementos da personalidade humana

Id são os impulsos, os instintos, parte animal ou irracional que todos possuem. Na maioria das vezes são inconscientes. São reservatórios das pulsões, considerou no ínicio que todas essas pulsões seriam ou de origem sexual, ou que atuariam no sentido de auto-preservação. Posteriormente, introduziu o conceito das pulsões de morte, que atuariam no sentido contrário ao das pulsões de agregação e preservação da vida.

Ego é o entre, que busca o equilibrio do Id e do Superego, alternando nossas necessidades primitivas e nossas crenças éticas e morais, podemos pensa-la como nossa razão, nossa inteligência. Um eu saudável é resultado e um ego que consegue equilibrar essas duas forças antagônicas ( Id e Superego), já os disturbios mentais são resultados da ausência de equilibrio entre ambas as forças.

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Superego, é o contrario do Id, representa as ideias morais, éticas, religiosas, regras de condutas e internalizadas por influência da nossa vida em sociedade.

C – Niveis da vida mental

Consciente – Fenômenos mentais que tomos conhecimento no momento, é somente uma pequena parte da mente.

Pré-Consciente ou subconsciente – Fenômenos mentais que são do nosso conhecimento mas não estão agora na nossa mente, é uma parte do Inconsciente, uma parte que pode tornar-se consciente com facilidade. As porções da memória que nos são facilmente acessíveis fazem parte do Pré-Consciente.

Inconsciente – Fenômenos mentais que se realizam sem que saibamos.

D – Desenvolvimento da Personalidade

Freud explica nosso desenvolvimento emocional de acordo com as nossas fases cronológicas, isto é, de acordo com as fases que se passam da infância à adolescência, a libido vai tomando diferentes direções.

Período narcisista – A criança direciona para si mesma a libido esta, existe reações emocionais egocêntricas. Essa fase é conhecida como auto-erotica, a criança busca o prazer nela mesma.

Período edipiano – A criança direciona para seu progenitor do sexo oposto a libido.

Período da puberdade – O jovem inicia sua libertação dos pais e direciona sua libido para amigos do mesmo sexo e idade aproximada.

Adolescência – O jovem direciona a libido para um adolescente do sexo oposto.

Fixação (estaciona o desenvolvimento emocional apesar do físico e o intelectual continuam a se desenvolverem) e Regressão (depois de atingir certa fase, volta anterior) são casos de anormalidades na evolução emocional.

E – Mecanismos de defesa do Ego ou dinasmismos

Nossa personalidade é resultado de um conflito ( entre o Id e o Superego), para harmonizar esse conflito nossa Razão ou nosso Ego utilizam certos mecanismos, que são:

Repressão – Dinamismo comum, não se admite existência de tendências do Id, principalmente em ações socialmente indesejadas. Essas tendências que serão reprimidas não deixarão de existir mas irão para um nível do consciente e aparecerão através de outras manifestações como: atos falhos, sonhos e intoxicações.

Racionalização – é a invenção de pretextos para não se julgar diante de uma ação que se percebe sendo oriunda do Id, razões para se desculpar diante da sociedade.

Projeção – É atribuir aos outros desejos nossos cujas as manifestações não podemos permitir.

Conversão – Transformação de conflitos emocionais em conflitos físicos.

Sublimação – É a satisfação modificada dos impulsos naturais, em atos socialmente mais aceitáveis. Tal mecanismos de defesa possui papel importante no desenvolvimento do homem civilizado.

Há três tipos de sublimação: Mudança de objeto, mudança de reação e mudança de objeto e reação.

IV – Freud e Nietzsche

Por Roberto Freire

“Para além dos conceitos universalizantes da psicanálise, na questão do inconsciente, ver alguma relação entre Freud e Nietzsche. O inconsciente em Freud é sustentado basicamente por dois aspectos: a sexualidade e a representação. Na primeira tópica Freud pensa essa instância psíquica (aspecto da sexualidade) como desejo sexual recalcado; já na segunda tópica Freud apresenta outros 3 conceitos que irão participar do fluxo consciente, pré-consciente e inconsciente, a saber, o Id, Ego e Superego, ainda aqui a questão gira em torno da sexualidade e seus processos de recalque. O outro aspecto do inconsciente diz respeito à representação. Somente o conteúdo representativo pode ser barrado e habitar o inconsciente, portanto, o inconsciente é formado por conteúdos que não possuem a palavra. É a representação da coisa que não encontrou a palavra que fica impedida de ser reconhecida pela consciência.

Por assim dizer, o inconsciente diz respeito àquilo que não encontrou resguardo pela linguagem, pode se dizer que o desconhecido constitui o homem. Em Nietzsche as questões mais fundamentais são desconhecidas pelo homem e inatingíveis pela linguagem, aqui pode se ter uma perspectiva de aproximação no que diz respeito ao papel da linguagem enquanto inatingível àquilo que se passa em um caos que não é consciente ao homem, contudo, Nietzsche não está restringindo as questões mais primordiais à sexualidade, mas sim a tudo que diga respeito à experiência do viver e é indizível, inefável e com abundância e força que as pálidas palavras não conseguem representar.

Basicamente, Schopenhauer, Freud e Nietzsche, cada um à sua perspectiva, estão des-construindo o socratismo, o platonismo e o cartesianismo que ao longo do tempo deram à consciência a instância mais nobre do homem, em contrapartida, restou ao inconsciente todo o lado “pecaminoso” da vida. Esses pensadores estão trazendo, respectivamente, a vontade, o caos e o inconsciente como desconhecidos que estão constituindo em maior parte o homem.

Tanto para Freud como para Nietzsche, até aqui, a consciência diz respeito à linguagem, a uma ordenação que o homem vê no mundo; e o inconsciente é a parte mais primordial da experiência singular que está restrita à representação verbal. Para Nietzsche, que vai mais fundo na crítica, as nossas experiências mais potentes para a vida não são atingíveis pela linguagem, pois esta diz respeito ao que é medíocre, é um instrumento advindo com a necessidade do homem pela forma gregária da vida, a linguagem ordena, classifica, imobiliza, identifica e paralisa o caos da vida: a verdade mata a vida.

Certo é que Nietzsche também irá falar de uma linguagem que pode potencializar o viver, trata-se de uma linguagem que está intimamente relacionada com a própria experiência singular e a poética, que precisa ser re-inventada com o devir e não tomada como uma instituição de verdade tal como nos referimos às línguas em suas múltiplas “recomendações de uso” – não é por mera questão de estilo que Nietzsche faz uso abundante de metáforas, parábolas, jogos de palavras, escreve por aforismos, etc

Embora seja possível aproximação e ao mesmo tempo distanciamento profundo entre Nietzsche e Freud, não podemos nos esquecer que o psicanalista está pensando no inconsciente como uma instância que acomoda aquilo que é o proibido, enquanto Nietzsche foca o desconhecido na experiência inusitada e inefável. Um pouco de luz lacaniana e então podemos dizer que em ambos o inconsciente é aquilo que não diz respeito ao Outro dominante.

Mas em 1910, Freud que, nunca é demais lembrar, foi um médico e não filósofo, trouxe a derradeira engrenagem psicanalítica, o Complexo de Édipo, onde então por esse prepotente mecanismo universal tudo seria possível de compreensão a partir do esclarecimento da tríade pai-mãe-filha. Daí em diante, Freud parte para o universal e Nietzsche contundentemente é um opositor a qualquer ideia de universalidade.

Para finalizar penso que Nietzsche não deve ser tentado a dialogar com sistemas teóricos. “Apenas tomando o inconsciente freudiano intuitivamente, abstendo-me da parafernália que Freud institui como engrenagens teórico-conceituais.”


Escrito pela aluna: Ana Flávia Costa Eccard


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