terça-feira, 6 de dezembro de 2011

Textos para o 2º ano (Hegel)

Georg Wilhelm Friedrich Hegel (1770-1831) – Trecho extraído de A Razão na História: uma introdução geral à filosofia da história:

“Qual é a matéria em que será realizado o objetivo final da Razão? Antes de mais nada, ela é o próprio agente subjetivo, os desejos humanos, a subjetividade em geral. No conhecimento e na vontade do ser humano, como base material, o racional passa a existir. [...] Mas a vontade subjetiva também tem uma vida material, uma realidade onde se movimenta pela região do ser essencial e em que tem a própria essência como objetivo de sua existência. Este ser essencial é a união da vontade subjetiva com a vontade racional, é o conjunto moral, o Estado. É aquela forma de realidade em que o indivíduo tem e goza de sua liberdade, mas na condição de conhecer, acreditar e desejar o universo. Não se deve entender isso como se a vontade subjetiva do indivíduo obtivesse satisfação e prazer através da vontade comum e esta fosse um meio para isso – como se o indivíduo limitasse sua liberdade entre os outros indivíduos, de maneira a que essa limitação comum, a repressão comum a todos, pudesse garantir uma liberdade pequena para todos. (Isto seria apenas uma liberdade negativa.) Em vez disso, afirmamos que a lei, a moral, o Estado – e só eles – são a satisfação e a realidade positiva da liberdade. Uma liberdade pequena e limitada é um simples capricho, que é exercitado na esfera restrita dos desejos particulares e limitados. [...] A Ideia é a energia interior da ação, o Estado é a vida que existe externamente, autenticamente moral. [...] A Ideia universal se manifesta no Estado. [...] onde está o Espírito ou o conceito real a própria manifestação é o elemento essencial. O critério do Espírito é sua ação, a sua essência ativa. O homem é sua própria ação, a sequência de suas ações, aquilo em que ele mesmo está se fazendo. [...] O Espírito que não se determina é uma abstração da inteligência. A manifestação do Espírito é sua autodeterminação e é esta manifestação que temos de investigar na forma de Estados e indivíduos. [...] O Estado não é o ideal com que se defrontam os cidadãos, mas estes são partes daquele, como os membros de um corpo orgânico, em que nenhum membro é o fim e nenhum é o meio. O Estado é a realização da Liberdade, do objetivo final absoluto, e existe por si mesmo. Todo o valor que tem o homem, toda a sua realidade espiritual, ele só a tem através do Estado. [...] Só assim ele tem plena consciência, assim ele compartilha da moral, da vida legal e moral do Estado, pois a Verdade é a união da vontade universal com a vontade particular. O universal no Estado está em suas leis, suas disposições racionais e universais. O Estado é a Ideia divina como ela existe sobre a terra.” [1]



[1] HEGEL, G.W.F. A Razão na História: uma introdução geral à filosofia da história. Introdução de R. S. Hartman. Tradução de Beatriz Sidou. São Paulo: Editora Moraes Ltda, 1990, p. 87-91.

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