quarta-feira, 7 de dezembro de 2011

Textos para estudo ( Metáfisica Aristotélica)

METAFÍSICA ARISTOTÉLICA

depois de, após, acima

Ta meta ta physika

aqueles da física


O termo Metafísica
surgiu no século I a.C., quando Andronico de Rodes, ao classificar as obras de Aristóteles, colocou a Filosofia Primeira após as obras da Física.

FILOSOFIA PRIMEIRA: o estudo do “ser enquanto ser”

Ser é o que é realmente e se opõe ao que aparece ser, à aparência.

Aristóteles afirmou que a Filosofia Primeira estuda o ser das coisas, a ousia. Em português, ousia é traduzido por essência, porque é derivado da palavra latina essentia.

Filosofia Primeira é o estudo ou o conhecimento da essência das coisas, daquilo que elas são em si mesmas, apesar das aparências que possam ter e das mudanças que possam sofrer. Aristóteles ao definir a Filosofia Primeira, também afirmou que ela estuda os Primeiros Princípios e as Causas Primeiras de todos os seres ou de todas as essências, estudo que deve vir antes de todos os outros, porque é a condição de todos eles.

METAFÍSICA: aquilo que é condição e fundamento de tudo o que existe e de tudo o que puder ser conhecido.

Aristóteles considera que a essência verdadeira das coisas e dos seres humanos e suas ações não estão no mundo inteligível, separado do mundo sensível, onde as coisas físicas e naturais existem e onde vivemos. As essências, diz Aristóteles, estão nas próprias coisas, nos próprios homens, nas próprias ações e é tarefa da Filosofia conhecê-las ali mesmo onde existem e acontecem.

Como conhecê-las? Partindo da sensação até alcançar a intelecção. A essência de um ser ou de uma ação é conhecida pelo pensamento, que capta as propriedades internas desse ser ou dessa ação, sem as quais ele ou ela não seriam o que são. As verdades primeiras ou os princípios universais e toda e qualquer realidade são conhecidos direta ou indiretamente pelo pensamento ou por intuição intelectual, sem passar pela sensação, pela imaginação e pela memória.

Ao se dedicar a Filosofia Primeira ou Metafísica, a Filosofia descobre que há diferentes tipos ou modalidades de essências:

¾ Existe a essência do seres físicos ou naturais (minerais, vegetais, animais, humanos), cujo modo de ser se caracteriza por nascer, viver, mudar, reproduzir-se e desaparecer – são seres em devir (eterno movimento) e que existem no devir.

¾ Existe a essência dos seres matemáticos, que não existem em si mesmos, mas como formas das coisas naturais, porém, podem ser separados delas pelo pensamento.

¾ Existe a essência dos seres humanos, que compartilham com as coisas físicas o surgir, o mudar e o desaparecer, compartilham com as plantas e os animais a capacidade para se reproduzir, mas distinguindo-se de todos os outros seres por serem essencialmente racionais, dotados de vontade e de linguagem. Pela razão, conhecem; pela vontade, agem; pela experiência, criam técnicas e artes.

¾ Existe a essência de um ser eterno, imutável, imperecível, sempre idêntico a si mesmo, perfeito, imaterial, conhecido apenas pelo intelecto, que o conhece como separado de nosso mundo, superior a tudo o que existe, e que é o ser por excelência: o ser divino.

À Metafísica cabem três estudos:

1. O do ser divino, a realidade primeira e suprema da qual todo restante procura aproximar-se, imitando sua perfeição imutável. As coisas se transformam, diz Aristóteles, porque desejam encontrar sua essência total e perfeita, imutável como a essência divina. É pela mudança incessante que buscam imitar o que não muda nunca. Por isso, o ser divino é o Primeiro Motor Imóvel do mundo, isto é, aquilo que, sem agir diretamente sobre as coisas, ficando a distância delas, as atrai, é desejado por elas. Tal desejo as faz mudar para um dia não mais mudar (esse desejo, diz Aristóteles, explica porque há o devir e porque o devir é eterno, pois as coisas naturais nunca poderão alcançar o que desejam, isto é, a perfeição imutável). Aristóteles, como Platão, também afirma que a natureza ou o mundo físico ou humano imitam a perfeição do imutável; porém, diferente de Platão, para Aristóteles essa imitação não é uma cópia deformada, uma imagem ou sombra do ser verdadeiro, mas o modo de existir ou de ser das coisas naturais e humanas. A mudança e o devir são a maneira pela qual a natureza, ao seu modo, se aperfeiçoa e busca imitar a perfeição do imutável divino. O ser divino chama-se Primeiro Motor porque é o princípio que move toda a realidade, e chama-se Primeiro Motor Imóvel porque não se move e não é movido por nenhum outro ente, pois mover significa mudar, sofrer alterações qualitativas e quantitativas, nascer e perecer, e o ser divino é perfeito, não muda nunca.

POTÊNCIA: é a capacidade de tornar-se alguma coisa, é aquilo que uma coisa poderá vir a ser. Para se atualizar, todo ser precisa sofrer a ação de outro ser já em ato.

ATO: é a essência (forma) da coisa tal como é aqui e agora.

NÃO SE TRATA DE UMA ATUALIZAÇÃO DE UMA VEZ POR TODAS, PORQUE CADA SER CONTINUA EM MOVIMENTO, RECEBENDO NOVAS FORMAS.

2. O dos primeiros princípios e causas primeiras de todos os seres ou essências existentes.

PRIMEIROS PRINCÍPIOS: identidade, não-contradição e terceiro excluído.

PRINCÍPIO DA CAUSALIDADE: “tudo o que se move é necessariamente movido por outro”.

Há quatro sentidos para a causa: material, formal, eficiente e final.

Causa material: é aquilo de que a coisa é feita. DO QUE É FEITO?

Causa formal: é aquilo que a coisa tende a ser. O QUE É?

Causa eficiente: é aquela que dá impulso ao movimento. QUEM GEROU?

Causa final: é aquilo para qual a coisa é feita. POR QUE FOI GERADO?

3. O das propriedades ou atributos gerais de todos os seres, sejam eles quais forem, graças aos quais podemos determinar a essência particular existente. A essência ou ousia é a realidade primeira e última do ser, aquilo sem o qual um ser não poderá existir ou sem o qual deixará de ser o que é. A essência, entendida sob essa perspectiva universal, Aristóteles dá o nome de substância: o substrato ou o suporte permanente de qualidades ou atributos necessários de um ser. A Metafísica estuda a substância em geral.

ATRIBUTO: é o que convém à substância de tal modo que, se lhe faltasse, a substância não seria o que é. Ex.: no homem a racionalidade, para Aristóteles, seria um atributo.

ACIDENTE: é o atributo que a substância pode ter ou não, sem deixar de ser o que é. Ex.: no homem, o fato de ser gordo ou magro, alto ou baixo ...

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